23 janeiro, 2023
Não faz muito tempo que recebi uma senhora por volta dos seus 50 anos no meu consultório… sua queixa é que se sentia esquisita, inquieta, presa, como se uma pessoa estivesse com ela o tempo todo. Conta-me ela, que alguns momentos é capaz de sentir um certo enfadonho, desânimo, raiva por se sentir impotente para resolver esse mal estar constante.
Peço que me descreva quando isto acontece, me relata ser quando está sozinha, não lembra de ter sentido isto quando está acompanhada. Perguntei como era sua relação com Deus. Respondeu-me que acreditava, mas não era fã de ir a igrejas ou templos, não tinha o hábito de orar e meditar.
Aqui faço um parênteses, chamando a atenção de vocês como não cuidamos de nós mesmos . Muitos interpretam ser um sacrifício, outros uma obrigação, poucos entendem como uma escolha consciente. O fato que essas práticas trazem como subproduto a proteção do indivíduo, mas essa é outra história…
…Voltando, ela estava abrindo-a sua porteira. Quando abrimos a porteira, passa boi, passa boiada… pensei.
Inclinei a sua poltrona e comecei a fazer um relaxamento, de sorte a facilitar o contato com alguma intromissão.
Comecei a ouvir um murmúrio, alguém se queixava que não aguentava mais e pedia minha ajuda. Estranhei, mas dei ouvidos ao murmúrio. Ela, no seu lamento, estava a reclamar que faziam seis anos que se encontrava naquela situação. Perguntei - que situação?
Respondeu-me que estava presente numa festa, procurando um hospedeiro para lhe dar forças e ter um lugar onde se abrigar. Não lembrava quanto tempo estaria vagando nessa procura. Tinha muito medo, mas estava andando a esmo, quando escutou barulho de festa. Aproximou-se e achou que ali seria um bom local. Analisou o ambiente, se deu conta que as pessoas estavam bebendo bastante. Foi logo “entrando” na primeira pessoa que viu. Não passou muito tempo, pulando de um para outro, porque não se sentia bem em cada hospedeiro, até encontrar essa senhora, bem alegre, que se excedeu bastante e decidiu que ela seria uma boa opção. Ela não ofereceria muita resistência. Assim, se aproximou e ficou… muito tempo se passou… no princípio foi divertido, depois nem tanto. Percebeu que estava presa, vinculada,sem opção, sem liberdade…
-Como assim? Perguntei
-Estou presa nela, ela não me deixa sair de jeito nenhum, já tentei de tudo. O fato que a energia dela me domina, mas trocamos nossas energias, parecemos irmãs siamesas.
Imediatamente, inspirado pelo mentor, interrompi minha conversa com essa obsessora e me dirigi a senhora que viera em busca de socorro:
- Por favor, libere a pessoa que está com você, os mentores presentes vão ajudar no encaminhamento dela.
Surpresa, respondeu - Não estou segurando ninguém!
Fui firme: - É só soltar, nós ajudamos a entidade.
A contragosto respondeu: está bem. E assim foi feito.
Esse foi um caso onde o obsessor é o encarnado, ainda que no primeiro momento o obsessor estivesse a procura de um hospedeiro. Em outra história, vou relatar em que circunstâncias o obsessor é atraído pelo obsessor e vice-versa.
Imediatamente o suposto obsessor se libertou e se permitiu ir para a luz, agradecendo muito ter conseguido sua liberdade. Por outro lado, a senhora também agradeceu, pois não sentia o que era manifestado pela pretensa obsessora.
Por hoje, ficamos por aqui
Bjs